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Violência Doméstica foi tema de reflexão e debate em Esposende

26 Novembro 2015

No Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, que se assinalou ontem, 25 de novembro, o Município de Esposende levou a efeito o II Encontro sobre Violência Doméstica «Estranha forma de amar…».

No Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, que se assinalou ontem, 25 de novembro, o Município de Esposende levou a efeito o II Encontro sobre Violência Doméstica «Estranha forma de amar…».

A iniciativa decorreu no Fórum Municipal Rodrigues Sampaio e contou com elevado número de participantes, desde agentes locais que intervêm em situações de Violência Doméstica a técnicos das forças de segurança pública, de intervenção social e das Comissões de Proteção de Crianças e Jovens, para além de muitos jovens estudantes.

Esta ação pretendeu promover a reflexão sobre os paradigmas e práticas de intervenção atuais no âmbito da Violência Doméstica e sobre os diferentes tipos de violência exercidos contra as mulheres, tendo contado com a participação de Rosa Saavedra, Assessora Técnica da Direção da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, Marlene Matos, Professora Auxiliar na Escola de Psicologia e Investigadora no Centro de Investigação em Psicologia (CIPsi) da Universidade do Minho, e do Cabo Chefe Alberto Mendes, do Núcleo de Investigação e Apoio a Vítimas Específicas (NIAVE) da GNR.

Intervindo na sessão de abertura deste II Encontro sobre Violência Doméstica, o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Esposende, António Maranhão Peixoto, defendeu a necessidade de combater este flagelo, afirmando que “temos que dissuadir para a violência e persuadir para o amor”. Manifestou, por isso, a expetativa de que da jornada de reflexão e debate resultassem contributos e ensinamentos para ajudar a debelar esta problemática.

A Vereadora da Coesão Social, Raquel Vale, afirmou o empenho do Município nesse desígnio, lembrando que, “numa aposta certeira”, em março de 2011, foi criado o Espaço Bem me Querem, cuja atuação assenta, por um lado, na prevenção, e, por outro, na intervenção. Deu nota que, ao nível da prevenção, no último ano letivo, foram realizadas 123 ações de sensibilização nas escolas no âmbito da violência doméstica, da violência no namoro e do bullying, abrangendo 1900 alunos, e 5 ações direcionadas para professores, assistentes sociais e psicólogos, que abrangeram 130 destes profissionais. Raquel Vale revelou que, no plano da intervenção, desde a sua criação, o Espaço Bem me Querem fez 464 atendimentos a vitimas e contou com 80 processos de acompanhamento de vítimas de violência doméstica, clarificando que a maioria das vítimas (95%) são mulheres e que em 74% dos casos os agressores são o marido/companheiro. Deu ainda nota de que em 39% das situações há crianças envolvidas, razão pela qual estes processos estão, também, a ser acompanhados pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens.

Convidada a falar sobre a “Violência contra as Mulheres”, Rosa Saavedra, da APAV, referiu que, em 2014, houve mais de 27 000 participações de violência doméstica, realçando que “o que é denunciado é muito pouco daquilo que é a realidade” desta problemática. Tendo por base as estatísticas nacionais, Rosa Saavedra disse que Portugal tem uma realidade idêntica à de outros países, sustentando com um estudo europeu, que deu a conhecer. Salientou que a violência implica custos a vários níveis – sociais, económicos, familiares, entre outros, concluindo que “há tanto a fazer ao nível da prevenção”.

Por sua vez, Marlene Matos, Professora Auxiliar na Escola de Psicologia e Investigadora no Centro de Investigação em Psicologia (CIPsi) da Universidade do Minho, centrou a sua intervenção nos Desafios Atuais face à Violência Doméstica.

Afirmando que esta questão tem sido considerada prioritária em Portugal, referiu que “a Câmara Municipal de Esposende é um bom exemplo no que respeita às políticas de operacionalização relacionadas com esta problemática”, nomeadamente na criação de respostas de proximidade através do Espaço Bem me Querem, para além de informar e sensibilizar a comunidade, bem como os técnicos que trabalham na área.

Reconhecendo que “são imensos” os desafios, Marlene Matos notou que a Violência Doméstica sofreu uma “mutuação enorme”, sendo hoje muito diferente do que era há uma décadas, apontando, a título de exemplo, a violência no namoro, “que começa a aparecer cada vez mais cedo nas estatísticas”, e a violência entre casais homossexuais.

Apoiando-se nas estatísticas e no elevado número de homicídios entre as vítimas de violência doméstica, defendeu uma atuação articulada e multidisciplinar, e a aposta em campanhas de sensibilização e prevenção. Outro desafio dos tempos atuais é a formação dos profissionais, referiu a Professora/Investigadora, defendendo, tambem, a inovação ao nível da intervenção. Saudou, a propósito, a implementação do projeto CarryOn, ao qual o Município de Esposende aderiu, que alia as áreas da ecologia e da psicologia no acompanhamento das vítimas de Violência Doméstica. Por fim, defendeu que se deve investir ao nível do conhecimento científico.

“A Intervenção do NIAVE (Núcleo de Investigação e Apoio a Vítimas Específicas) na Violência Doméstica” foi explicada pelo Cabo Chefe Alberto Mendes, que, entre outros aspetos que abordou, referiu que Braga é o 5.º distrito do país com maior número de ocorrências de violência doméstica e que o concelho de Esposende registou, em 2014, 57 casos.

Às intervenções, seguiu-se um período de debate, com vários participantes a colocarem questões aos vários oradores, terminando o II Encontro sobre Violência Doméstica com a abertura da exposição “Dar Voz ao Silêncio”.