“Scratching the Surface – Mulheres do Mar”, de Alexandre Farto aka Vhils
A obra constituiu-se como uma homenagem às gentes do mar e perpetua-se perto do rio e do mar, elementos que gravitam na identidade e na memória do lugar, pelo talento de um dos mais reputados artistas portugueses da atualidade. As obras de Vhils espalham-se pelos quatro cantos do mundo e a sua técnica inconfundível extrai o excesso da matéria construída, transformando-a em muito mais do que rostos em contextos. São imagens com alma, que eternizam a essência da História protagonizada pelos seus mais notáveis: artistas, poetas e, acima de tudo, cidadãos comuns que são a diferença de todos os quotidianos simples. Neste caso, através de rostos de Mulheres, enaltece-se quem foi âncora em terra, quem fez também da terra lugar da diáspora, da viagem e da aventura; quem deu o corpo ao mar e quem do mar colheu sustento e o proliferou.
Sobre o artista
Alexandre Farto (aka Vhils) é natural de Lisboa (n.1987) e cresceu no Seixal.
Tinha apenas 10 anos quando se interessou pelo graffiti e começou a pintar na rua com apenas 13 anos, primeiro nas paredes e mais tarde em comboios, com amigos ou sozinho. Em Portugal, e depois um pouco por toda a Europa, viajava para ir pintar comboios. O artista afirma que o graffiti lhe deu a base para decidir o seu futuro profissional. Passou da lata de spray para o stencil e mais tarde explorou outras ferramentas e processos até que experimentou esculpir as paredes. Foi assim que conquistou o mundo.
Desde os 19 anos que vive em Londres, onde tirou um curso de Belas Artes na Saint Martin's School of Art , onde começou a ser conhecido pela sua street art de retratos anónimos em paredes danificadas ou fachadas de casas devolutas. Convidaram-no para expor no Cans Festival, evento organizado por Banksy e foram surgindo bons convites como a Lazarides Gallery, em Londres e a Studio Cromi, em Itália. Tem trabalhos espalhados em espaços públicos de várias cidades do mundo como Londres, Moscovo, Nova Iorque, Los Angeles, Grottaglie, Bogotá, Medellín e Cali. Por cá, um pouco por todo o lado, Torres Vedras, Porto, Lisboa (por exemplo na Lx Factory ou na Fábrica do Braço de Prata). Mais a norte, apenas Santa Maria da Feira tem uma obra de arte pública sua, em cortiça. Normalmente é Alexandre Farto que escolhe o lugar onde crava a sua arte mas também tem recebido convites para fazer intervenções em vários locais. Acredita que o processo de trabalho é mais importante do que o resultado final e os rostos que trabalha são escolhidos a partir de fotografias.